sexta-feira, 23 de julho de 2010

TÓPICOS DA DOUTRINA ESPÍRITA:

OS SUPERDOTADOS À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA:

“Há corpos de agora com almas de outrora. Corpo é vestido. Alma é pessoa.” (Eça de Queirós)

INTRODUÇÃO:

Ao longo de nossos estudos sobre Reencarnação, identificamos um tema que, além de polêmico, pode ser considerado um dos mais fortes indícios da teoria reencarnacionista: a inteligência precoce, e os chamados “gênios” ou “crianças superdotadas”.

INTELIGÊNCIA PRECOCE:

Para reconhecer quando uma criança inclui-se na qualificação de precoce ou de gênio, é preciso, inicialmente, entender alguns conceitos.

Precocidade: é o desenvolvimento de algumas faculdades e capacidades, de uma forma nitidamente prematura, quando comparadas aos parâmetros mínimos e máximos, dentro da média estabelecida.

Genialidade: é o desenvolvimento de uma capacidade mental criadora, em um grau extremamente elevado, e muito acima dos níveis intelectuais estabelecidos como normais.

Gênios-precoces: são aquelas crianças que apresentam, de forma prematura criações mentais a níveis de gênio.

Crianças-prodígio: são aquelas que tanto podem ser consideradas precoces como gênios, ou ainda, manifestar a associação das duas qualidades.

Mas como explicar esse fenômeno que, desde os primórdios da Humanidade, vem maravilhando as pessoas ? Por quê, de vez em quando, surge um “gênio” ou uma criança dotada de faculdades tão extraordinárias quanto inexplicáveis ? Exemplos não faltam...

Wolfgang Amadeus Mozart, nascido em 1756, aos 04 anos de idade era capaz de executar uma sonata ao piano; aos 05, começou a compor minuetos e outras peças musicas e, aos 08 anos, já compunha uma ópera. Na época, comentava-se que, devido ao seu talento e porte tão amadurecidos, não poderia ter uma vida muito longa. Hoje, é considerado um dos maiores gênios precoces do mundo.

Blaise Pascal, nascido em 1623, foi um célebre cientista francês que, muito cedo, demonstrou seu talento na área da Matemática. Aprendeu Geometria, sozinho e, aos 11 anos, descobriu um novo sistema geométrico. Ao completar 12 anos, escreveu um livro na área da Física, sobre Acústica.

Willian Hamilton começou a falar hebraico aos 3 anos de idade e, aos 7, foi declarado membro do Trinitty College, em Dublin, na Irlanda, tendo demonstrado, nessa idade, conhecimentos muito mais profundos do que a maior parte dos candidatos ao Magistério. Com 13 anos, já falava 13 línguas clássicas modernas. Aos 18, foi considerado o maior matemático da Grã-Bretanha.

No Brasil, em 1952, a imprensa ocupou-se de duas crianças: Francisco Dorimar Arrais, cearense residente no Rio de Janeiro que, aos 07 anos, intitulava-se anatomista, com grandes conhecimentos nas áreas de Biologia, Física, Química e outras ciências. Também o capixaba Napoleão Luis de Oliveira, ganhador de duas medalhas de ouro, obtidas em programas de rádio por revelar raros conhecimentos em Belas Artes e História do Brasil.

Na Austrália, uma menina de 06 anos, chamada Renée, filha do Rev.Jack Martin, fez um sermão de mais de uma hora, diante de cerca de 1200 pessoas. Além disso, cantou em russo e chinês, idiomas que nunca lhe foram ensinados.

Michelangelo era um magistral artista aos 12 anos; Voltaire aprendeu a ler aos 03 anos; Balzac, aos 08 anos, já compunha pequenas comédias; Young, o descobridor da teoria ondulatória da luz, lia aos 02 anos, com muita facilidade; e aos 04, já havia lido a Bíblia duas vezes...

VISÃO ESPÍRITA DA GENIALIDADE:

Não há como ficar indiferente diante desse “acervo histórico” de gênios e superdotados, e o fenômeno, ao contrário do que se pensa, não é tão incomum ou sobrenatural quanto parece.
Segundo a Doutrina Espírita, a explicação fundamenta-se no princípio da “preexistência da alma e na pluralidade das vidas”.

Os filósofos gregos foram os precursores do Espiritismo e, conhecedores da Reencarnação, sabiam que o homem nascia, e nasce, com reminiscências das idéias e sentimentos de vidas passadas. Assim, a alma criada por Deus, traz em sua consciência todas as Leis Divinas.

Para Sócrates, aprender é recordar: “O homem é uma alma encarnada. Antes da sua encarnação, existia unida aos tipos primordiais, às idéias do verdadeiro, do bem e do belo; separa-se deles, encarnando e, recordando o seu passado, é mais ou menos atormentado pelo desejo de voltar a ele.”

Ao estudar sobre as IDÉIAS INATAS – Capítulo IV; itens 218 a 221; de “O Livro dos Espíritos” - vimos que o Espírito evolui incessantemente e, a cada nova encarnação, acumula uma parcela de consideráveis conhecimentos que não se perdem. Assim, no entender dos Espíritos Superiores, as idéias inatas são vagas lembranças de conhecimentos adquiridos em outras existências.

Allan Kardec, em A Gênese, define homem de gênio como sendo “(...) um Espírito que tem vivido mais tempo e, por conseguinte, adquiriu e progrediu mais do que aqueles que estão menos adiantados”. Uma vez encarnado, esse Espírito traz consigo toda a bagagem de aprendizado e, por saber muito mais do que os outros, é considerado homem de gênio.

Diante disso, somente a Reencarnação tem as respostas para os inúmeros casos de inteligência precoce. Somente a tese das múltiplas existências, ensinada desde tempos imemoriais, pela maioria dos povos antigos, e confirmada pelos Espíritos da Codificação, explica o porquê desses “superdotados” com um conhecimento “fora do comum”, que sequer tiveram tempo de aprender, na existência atual.

HEREDITARIEDADE:

Algumas teses discordam da Reencarnação, apresentando a Hereditariedade Psíquica como a principal causa da genialidade. No entanto, é muito importante frisar que, até o presente momento, não foi isolado qualquer gene responsável pela genialidade, bem como nem uma só molécula de DNA que confira características claras, no que diz respeito à inteligência.

De acordo com a concepção espírita, embora o Espírito se manifeste através de recursos do sistema nervoso central, cuja formação molecular é geneticamente transmissível, a origem do pensamento ou fonte do psiquismo, transcende. Não existe, portanto, qualquer comprovação de que a genialidade possa ser transmitida aos descendentes.

Estudos informam que sábios ilustres saíram de centros vulgares. D´alembert, enjeitado, foi encontrado na soleira da porta de uma Igreja e criado por uma mulher simples, casada com um vidreiro. Nem a ascendência de Shakespeare, nem o meio, explicam suas concepções geniais.

Por outro lado, o estudo das árvores genealógicas de gênios não fornece qualquer indicação favorável, nesse sentido. É comum encontrar filhos tão normais que chegam a destoar dos pais. O estudo dos descendentes de grandes gênios nos leva a constatação curiosa de que muitos de seus filhos eram verdadeiros patetas, alguns até, num nível de imbecilidade tão grande que, em conseqüência, vieram arranhar a imagem intelectual de seus pais.

Assim, mais uma vez, confirma-se a tese de que a genialidade é fruto de conhecimentos e experiências passadas, resultantes de muitas e muitas vidas sucessivas, onde, por muito tempo se estudou, trabalhou ou pesquisou em determinada área do conhecimento. Podem ter sido muitos séculos de lenta e trabalhosa iniciação e a sensibilidade profunda que, hoje, se manifesta, decorre dessa experiência anterior, que o torna, agora, acessível às influências espirituais elevadas.

GÊNIOS E MEDIUNIDADE:

Alguns estudiosos concluíram que gênios e crianças consideradas prodígios, quase sempre, em sua maioria, são médiuns. Através dessa faculdade, captam mensagens espirituais de elevado conteúdo, porque possuem a capacidade de sintonizar, na mesma freqüência dos Espíritos transmissores, ondas mentais de alta freqüência vibratória.

MEMÓRIA TRANSCENDENTAL:

A estrutura transcendental do corpo espiritual que vibra em outra dimensão, traz em seu seio, os arquivos energéticos que constituem sua individualidade ou seu “patrimônio” individual. No entanto, como o corpo espiritual se fixa nas moléculas do corpo físico, fica limitado à consciência da existência atual, ao se expressar pelo cérebro “virgem” dos registros pretéritos.  Não se recorda, habitualmente, das encarnações passadas, porém, o potencial criativo permanece íntegro e se expressa, à medida que o sistema nervoso central o permita.

Diz o Livro dos Espíritos, em seu item 369, que “os órgãos são instrumentos da manifestação das faculdades da alma, manifestação que se acha subordinada ao desenvolvimento e ao grau de perfeição dos órgãos, como a excelência de uma trabalho o está à da ferramenta própria à sua execução.”
 
CONCLUSÃO:

O homem é muito mais do que um corpo que anda. O homem é um Espírito velho que já passou por muitas vidas, seja na Terra ou em outros mundos, lutando muito e aprendendo sempre, ao longo de sua trajetória evolutiva.

Assim como o Espírito, que não se faz de uma vez só, um gênio se constrói ao longo dos milênios. Daí a brilhante superioridade de certas inteligências que, de tempos em tempos, surgem em vários lugares do Planeta, para manter a alma humana, sempre imersa na certeza de sua imortalidade, enquanto peregrina em busca do progresso libertador. Lembrando Krishna, “a alma não nasce e nem morre. Apenas entra e sai de corpos perecíveis. Saiba disso, e seja feliz!”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

A Gênese – Allan Kardec.
O Livro dos Espíritos – Allan Kardec
Revista Universo Espírita, n.10.
Revista Espiritismo e Ciência, n.04.
SUPERDOTADOS – Precocidade Infantil e Genialidade - Texto de Magaly Sonia Gonsales, publicado na Revista Cristã de Espiritismo, n.08.

Pesquisa e Elaboração: Kika